domingo, 13 de maio de 2012

Tatuador... e mais o quê?!

Coloco em palavras nesta madrugada algo que acredito acontecer com muitos profissionais, a famosa pergunta: "Ahh, você é X e mais o quê?!" como se o que você faz não fosse profissão.
E hoje, vos digo, amigos, inimigos, leitores fiéis e esporádicos: sim, SOU "APENAS" TATUADOR, pra quem já sabe e pra quem não sabia, fique sabendo.
Eu já limpei chão, banheiro, descartei materiais do estúdio em que trabalhava, enquanto estudava de noite e tatuava de madrugada os amigos em casa para no dia seguinte continuar com a mesma rotina, acreditando estar subindo um degrau de cada vez. Não para ganhar prêmios e badalações, mas por um merecimento e estabilidade profissional. Fazer o que se gosta, principalmente quando o assunto é arte, é difícil e todos sabem.
MAS graças a uma força superior, não me questionaram isso muitas vezes: foram APENAS 3. E também graças a minha consciência e auto-controle, não fiz o que passou pela minha cabeça quando escutei a pergunta.

Gente, sem lamentação, sem mimimi's, minha ideia é simples: você deve respeito ao profissional com quem estiver lidando, independente de onde, quanto ou por qual motivo foi procurá-lo. E este é um detalhe IMPORTANTÍSSIMO - você foi procurá-lo, ele não foi atrás de você!
Se você já fez essa pergunta pra algum profissional, considere-se babaca. De verdade, um invasivo babaca com uma série de preconceitos nesse cérebro que está prestes a explodir com tanta informação burra.
Em primeiro lugar, você não precisa saber o que o cara faz da vida dele, se ele quiser ser drag queen de noite, o que você tem a ver com isso?
Em segundo lugar, tudo é uma questão de bom senso.

Duvido que quem faz esse tipo de pergunta, já a fez para o seu advogado. Estou errado?!
Isso vem de uma série de conceitos estabelecidos e, pior, FALTA DE LIMITE, que esse tipo de pessoa não teve durante a sua criação. Quem deu essa intimidade pra essa pessoa? Se você, profissional questionado, abriu oportunidade pra um questionamento desses, sem problemas.
Mas a pessoa invasiva não se contenta em estar e ser, simplesmente. Ela quer mais. E neste mais, muitas vezes incluem-se questionamentos impensados.

E se você acha que me perguntaram isso ontem, semana passada ou ainda neste ano, estão enganados.
A última dessas que eu ouvi foi há 2 anos atrás, quando eu já vivia "apenas" com a tatuagem.
Mas conversando com uns amigos o assunto foi lançado no ar e me lembrei dessa história toda... resolvi compartilhar!
Assim como eu não saio enfiando cartões de visita na cara das pessoas, o mesmo respeito deve haver na outra parte.
Fica a dica pra galera que pensa assim, ter a chance de pensar duas vezes antes de perguntar algo pra alguém, principalmente se não tem intimidade e liberdade suficiente com ela e pra quem não pensa, fica meu desabafo!

Meu total apoio ao ARTISTA BRASILEIRO que vive direta ou indiretamente da arte e sabe que esse é um CAMINHO DE PEDRAS para todos nós! Músicos, poetas, pintores, tatuadores, grafiteiros, rimadores, desenhistas, artesãos, tias do bordado... seguimos na estrada!
Cada um guarda pra si o que faz da vida e compartilha se quiser.

RESPEITO.