sexta-feira, 11 de maio de 2012

Realidade viva

Saio pra correr, como habitual. Tentando conectar a vida boêmia com a de um atleta amador...
O traje é preto, como a rotina (que eu não tenho) manda na maioria das vezes. Gosto da simplicidade da cor preta e como ela transmite tanto sem ter aparentemente nada.
O sol enfraquecido se põe ao longo da pista e, nos fones de ouvido, a complexidade e beleza do Funk Como Le Gusta. Penso tanto... Logo não sei o quão existo realmente.
Resolvo entrar no parque, pra dar uma, ou quem sabe duas, voltas em uma lagoa rodeada por árvores. Corro olhando baixo. Pura besteira, começo a olhar as copas das árvores... nuvens intercalam com a cor verde das folhas e eu sinto uma possibilidade de estar no meio do mato, mesmo estando na cidade.
As nuvens formam figuras diversas.. mas não posso perder o chão.
Retomo a pista. Por vezes me sentindo saudável, por vezes cansado e pensando no motivo de estar me exercitando e no quanto as pessoas piram nisso. Eu mesmo já pirei, fui rato de academia e me achava o máximo.

Saindo do parque dou de cara com um muro onde está pichado: "você está acordado?".
Pior que não saber responder esta questão é não saber se a resposta iria ser a correta... fujo de qualquer alucinógeno possível já que essa vida é aventurada o suficiente pra me tirar do eixo mais calibrado possível.
Mas nada que uma respirada mais profunda não traga novamente ao chão de piche que me encara ferozmente, como se desafiando a minha resistência, o meu fôlego.

Penso que não vou conseguir completar o percurso de 5Km dessa vez... Mas se tem algo que eu mais tenho além da persistência, é a teimosia. Se o piche me desafiou, lá vou eu completar a minha meta e ele vai ter de se consolar com a derrota.
O percurso solitário é um desafio, me desculpem se isto soar com arrogância, para os fortes.
Tanto faz se você estiver mais preocupado com os sucessos de sertanejo universitário que tocam (acredito eu) insistentemente nas rádios ou se ainda escuta AC/DC e John Fogerty. Tanto faz se a sua roupa custou mil ou vinte reais. O que importa é o que você consegue transmitir.

Chego em casa, feliz por completar minha meta. Exausto, além do normal.
Me alongo e penso para quantas pessoas sorri neste dia. Acho que cumpri minha meta.
Se não cumpri, tenho amanhã pra tentar de novo.