segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Mato

Lurdez. A Lurdinha. Gostava mesmo é de transar no mato. Tinha uma fixação por verde que até assustava os namorados. Conseguia uma conexão com a natureza, dizia ela, que não rolava com nenhum homem. Conseguia ir e vir até sozinha. Atrás da moita, literalmente.

Uma vez começou a sair com um rapaz, amigo meu. Começaram a morar juntos. Juntaram. Dizem as boas línguas que, certa vez, de tão cansado de trepar no quintal, o cara mandou construir um jardim de inverno dentro do quarto. Entre o quarto e a sala.

O bom, segundo ele, é que os colchões duravam séculos, já que a atividade rolava mesmo nesse tal jardim.

Só não havia percebido ainda, a Lurdinha, que no meio do matagal existiam algumas plantas artificiais. Numa vez, no meio da trepada de Tarzan com Jane, ela, na hora de revirar os olhinhos, reparou um caule meio estranho. Daqueles bem artificiais.

Parou no meio. Meu amigo, sem entender nada, ficou olhando, questionando. Ela, por sua vez, fazia vista grossa. Se trancou no banheiro (que por acaso, tinha um vaso de plantas do lado da pia) e começou a chorar, dizia que ele tinha acabado com a viagem dela. Viagem de naturalista. E ela jura de pé junto que nem tinha fumado um.

A coisa apertou, fez greve. Meu amigo estava quase mandando plantar um pinheiro no meio da sala, pra ver se a maria-sem-vergonha se atiçava novamente.

Levava flores, ela ignorava. Podava o jardim, ela nem elogiava.

A história acabou tendo um final meio trágico (pra não dizer cômico). Ele ficou com a casa. Ela, com o cacto mexicano.

Pode?