terça-feira, 16 de novembro de 2010

O amor...

Ele fitava-a disfarçadamente. Ainda que ela soubesse que estava sendo observada.
Lia a revista de forma a deixar seus lábios expostos à luz que entrava pela janela. Seus olhos corriam pelas palavras da revista que, com a habilidade naturalmente feminina, conseguia ler e observá-lo ao mesmo tempo...

Dentro da cabeça dele, uma erupção de pensamentos. A começar pela preocupação do que viria pela frente, afinal, queria ela para sempre ao seu lado. Mas como? Seu turbilhão de pensamentos pensava em responsabilidade, amor, tristeza, dor, riscos, medos, fragilidades, superstições... Mas a figura era tão doce que não parecia carregar essas coisas consigo.. Deveria ele, estar enganado, pensou...

Ela já tinha conseguido se concentrar melhor, entendia a matéria da revista mas não sabia, neste momento, onde iria parar, nem sabia mais dizer se estava pulando palavras, frases ou pontuações... Sentia-se orgulhosa, por dentro batia em seu peito sob as planícies que escondiam sua delicadeza... Havia interesse na busca pela felicidade e segurança... Mas seu coração explodia dentro de si!

Os dedos dele, que antes seguravam-na as mãos, agora deslizavam por seu rosto delicado, passando por todo ele, cabelos, boca... Os lábios dela, eboçavam um sorriso disfarçado, fingindo não entender o gesto, não entender o que acontecia, tentava se concentrar, queria se concentrar! A matéria na revista começara tão interessante mas agora já não importava mais nada...

O ponto fraco, a união inexplicada... Como se explica o inexplicável?

Deveria ele saber disso? Deveria ela entender sobre seus sentimentos?
O que são os sentimentos?
Hormônios à flor da pele? Destino? Energia? Coincidência...?

Ele ergueu-se e sentou ao seu lado. Deu-lhe um beijo no rosto, seguiu para colar os lábios aos dela...
O turbilhão de pensamentos agora era um turbilhão dez, cem, mil vezes maior..
Não havia tempo, espaço ou dimensão...

A troca de energias, calor.
O ponto de encontro, mãos.
A transmissão de pensamento, luz.

A esfera do amor... inexplicável?