segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Do you love Rio de Janeiro?!? Sei não...

Guerra. Essa foi a verdadeira palavra (e continua sendo) para definir o que acontece no morro do Rio.

Nessa semana do combate às redes de tráfico do Rio de Janeiro, a união das milícias e o trabalho foi fundamental e sensacional. Só mesmo uma ameaça e uma crise para que algo se mova no país. E esperemos que continuem assim.

Só duas coisas me preocupam: Os artistas fazendo campanha "I love Rio" e o destino das toneladas de drogas apreendidas.

Pensemos.

Os artistas, principalmente os "globais", estão defendendo à unhas e dentes o movimento que refere-se ao amor pela "cidade maravilhosa". E?
Eles aparecem quando querem falar que a cidade é isso, é aquilo, que você deveria visitar e que morar lá é sensacional, o melhor lugar do mundo. Só gente bonita, praia, sol, curtição e biquini fio dental.
E a galera do morro, como vê essa situação?

É fácil fazer uma campanha "I love Rio" quando se é um artista da Globo (ou de qualquer outra emissora com peso relevante). Para eles, tudo está tranquilo, tudo está bem e sob controle. Mas e a vida que o povo trabalhador do Rio, do morro, da massa, pensam?
Esse pensamento "bossa-nova" à favor de uma imagem pessoal me dá vontade de vomitar.
É, dá vontade de vomitar na cara deles.

Eu não assisto TV, praticamente. Muito menos às novelas e nem sei te dizer nomes de artistas, a maioria.
Mas identifico logo um à sua imagem. E não é por isso que não possa criticar.

É assim que funciona: o Rio de Janeiro vai ser uma das cidades a abrigar a Copa de 2014. Uma imagem de violência e risco de vida não é o ideal para que o gringo sinta vontade de assistir a um jogo por aqui.
E isso não só em época dos jogos, mas o turismo em geral caiu muito. Companhias de viagens estão fazendo campanhas mil para que você vá ao Rio, que agora "está seguro".
Fui a uma das lojas da Riachuello aqui em Campinas e vi que, logo na entrada dela, há uma campanha monstruosa para o Rio de Janeiro. "I love Rio", I (coraçãozinho) Rio" e "Rio de Janeiro".

A reconstrução de uma imagem é demorada e cotínua.
Ah, e você achou que estavam fazendo isso só por raiva dos traficantes?
Rola muita grana aí. E o turismo sabe bem disso.

E me pego imaginando: Esses artistas lançam modas, estilos de vida, "ideais", consumismo e sacanagem. E tudo vira moda, tudo vende, a imagem vende e as pessoas consomem, consomem e consomem. 
Querem ficar iguais aos "atores do Rio", querem uma casa em Copacabana.
E se eles (os artistas) se preocupassem um pouco mais com a opinião política e a situação do país??
E se eles (os artistas) se movimentassem pra poder levar ao povo "menos contemplado", um pouco de conhecimento, nem que fosse um "alerta" para a sociedade?
E se o assunto da revista não fosse o vestido que tal atriz está usando, mas o que ela pensa sobre a situação real do tráfico ou da violência?

Ok, tô sonhando.

Quanto à minha segunda, e não menos importante, preocupação, para onde vão as drogas apreendidas no morro? Vão ser devidamente queimadas?
Pois no morro, se descobriu armamento do exército nas casas de traficantes. Armamento, colete, granada, fuzis... De certo, chegou lá por meio de contrabando e corrupção, estou errado?

Quero crer que continue tudo assim, "indo bem" e que as drogas do tráfico sejam realmente eliminadas para sanar um problema, pois se voltarem pro morro, nunca vai ter fim.
E será que o fim do tráfico é tão lucrativo quanto a sua presença?

Por qual motivo não interessa a liberação das drogas por parte do governo, a fim de acabar com o tráfico e com os poderes paralelos do morro e das cidades?
Certamente a guerra é lucrativa.
Seja aqui no Brasil ou não...

Pronto. Falei.


Abraços Bossa-Nova-Style