sexta-feira, 29 de junho de 2012

Exame médico

Dez da matina, chego pra renovar minha CNH no Poupa-Tempo. Na fila conheço uma mulher com o filho, conversamos.. logo entra o senhor da frente no assunto, o na frente do da frente e quase fizemos um pique-nique. Soube onde moravam, o que faziam, quando e o motivo de estarem lá.
Enfim, de uma fila para a outra fui pingando até chegar na hora do exame médico.. sento num banco na frente da placa que direciona as senhas para um corredor estranho com várias salas de onde pessoas saíam com expressões diversas... dez senhas na frente... minha mente vagou por temer o futuro, como seria o exame médico? Por que aquelas pessoas saíam com diferentes expressões?

Numa dessas...

- Bom dia, doutor!
- Bom dia. Renovação?
- Isso!
- Usa óculos, lente, prótese peniana?
- Nenhum dos três...
- Hemorroida, micose, sinusite?
- Não senhor... (já meio que atento para onde estava a saída da sala)
- Já fez exame de toque nesse ano?
- Tenho vinte e poucos, doutor.. tô acabado assim???
- Por prevenção, meu filho. Só renova se fizer.
Dou uma olhada nos dedos do doutor, pequenos e finos... bom, se era o jeito..
- Beleza, vamos lá então, né..
- Ô, Paulão! Paulão!! Vem aqui que é toque de novo.. cacete, cadê o Paulão??
Gelo na espinha.
Chega Paulão, negão três por quatro, dedo grosso e longo.
Saio correndo. Prefiro andar de busão.

Ou quem sabe...

- Bom dia, doutor!
- Pra quem?
- Ahn...
- Me fale as letras da parede.
- A, B, P, S, J, M, R...
- Ta bom, ta bom, também não precisa dizer todas, porra...
- Oi?
- Estado civil?
- Solteiro... mas...
- Tem programa pra hoje a noite?
Corro mais que papal-léguas fugindo do coiote..

Ou então...

- Bom dia, doutor!
- Bom dia, meu filho.. Renovação de CNH?
- Isso!
- Tem algum problema de saúde?
- Não, senhor.
- Tem algum desafeto familiar?
- Às vezes...
- Já passou por decepção amorosa?
- Ah sim, claro..
- Já mijou e saiu do banheiro sem lavar a mão?
- Difícil, né, doutor...
- Quantos dedos tem aqui? (mostra a mão aberta)
- Cinco..
- Cetembruxove?
Saio da sala e mando o doutor pra puta que o pariu...

Até que chamam minha senha, acordo das minhas viagens e caminho para a sala numerada como vinte e quatro. Porra... começou mal...
Entro, faço menção de fechar a porta.. o doutor diz que não era pra fechar, caso eu precisasse sair correndo.
- Oi??
- Brincadeira, garoto..
Ufa.. letrinhas aqui, letrinhas ali, movimentos cômicos..
Só faltou o polichinelo..
Passo batido, renovado, legalizado.
E lá vou eu, dentro da lei...