segunda-feira, 9 de maio de 2011

Minha primeira tatuagem e lugares 24 Horas

Eu adoro andar pela rua tarde da noite e ver lugares que não se fecham.

Sinto como se o coração da cidade não parasse mesmo de bater e que, a qualquer momento, pode-se encontrar algo que precise (ou não precise, mas queira).
É como escancarar que há alguém acordado pela noite afora, em plena atividade, as mesmas em que a luz do dia guia nossos pensamentos e trabalhos diversos.

A forma com que eu lido com a tatuagem é bem por este lado.
O lance da liberdade, pra mim, é o mais importante ao se tatuar. Pode ter certeza que quando o cara faz uma tattoo, é pra se libertar.
Se libertar de algo que talvez não saiba lidar, ou mostrar que é o dono do seu espaço, a pessoa se sente mais bonita, mais ousada, toma a frente...

Mas quando o assunto é o começo de uma profissão que (graças ao do universo) ainda sofre preconceitos, o que é bom no meu ponto de vista, torna-se um aprendizado de monge.

Comecei trabalhando com a tatuagem por acaso, possuindo só 3 desenhos pelo corpo (é, ainda dava pra contar...).

Fui substituir o assistente e tatuador de um estúdio grande em Campinas, comecei cuidando da agenda, esterelizando, atendendo, indo no banco, recebendo ligações, varrendo o chão....
Até que peguei gosto pela coisa de uma forma inexplicável.

E foi 1 ano insistindo para que o dono do estúdio (dá-lhe Robsão Gafa Mestre) sentisse que eu estava com o traço firme o suficiente para começar a tatuar.

Ok, mas tatuar quem??
Quem seria o ilustríssimo cobaia???

Nessas horas, você corre pra sua mãe...

Não, brincadeira.
Ela que correu pra mim.

Sério.

Insistiu que queria ser cobaia, a primeira e etc, etc etc.
Eu falei: "Mãe, você tá louca?? Vai ficar ruim!! Não vou fazer isso com você, desencana..."

E lá estava ela, decidida, sentada na maca em uma manhã qualquer. De nada adiantaram meus avisos.

Máquina na mão, sob os olhos do meu mestre, nervosismo.
Os traços não saíam porque eu estava com medo de machucar a mãe!
Também, pudera...

Trabalho finalizado.
Suor.
Água.

Nunca mais parei.
A segunda cobaia foi a namorada, depois amigos...

Essa história foi há quase 4 anos atrás... em um estúdio não muio longe....

Pois é.

Vá tatuar a mãe!!!!!

Obrigado a todos aqueles que acreditam, junto comigo, que a vida pode ser muito mais interessante!



Abraços de quem não dorme.